Carol Almeida
Quero Matar Meu Chefe tem personagens caricatos, situações óbvias e um desfecho que parece ter sido solucionado aos 46 do segundo tempo. Ainda assim, é uma comédia que rapidinho arranca do público a reação desejada. Sem deslocamento crítico, um filme de riso fácil. Com deslocamento crítico, um filme de piadas fáceis. Em ambos os casos, um filme pronto para não incomodar, não engordar e não prejudicar seu fim de semana. Divertido dentro das medidas do alfaiate.
Sendo assim, bem-vindos ao mundo familiar dos funcionários que, como o título indica, odeiam seus chefes. De cara, o filme já ganha a simpatia de meio mundo de gente com o título. E, no universo fictício não-punitivo do cinema, esses personagens estão dispostos a matar seus respectivos chefes em nome de uma vida menos ordinária. Nick (Jason Bateman), Kurt (Jason Sudeikis) e Dale (Charlie Day) são três amigos nesse novo subgênero hollywoodiano dos machos BFF (Best Friends Forever, ou Melhores Amigos para Sempre), segmento que finalmente reúne homens em torno de uma ligação sem propósitos que vão além da estrita amizade.
Cada um desses personagens tem problemas específicos com seus respectivos patrões e estes, por suas vezes, são representações cartunizadas do seu pior pesadelo trabalhístico. Kevin Spacey (já treinado em interpretar chefes pernósticos) é Dave Harken, presidente de uma dessas corporações insípidas e cinzas cuja relação com seus funcionários e, particularmente com Nick, é de psicopatia funesta. Colin Farrell é o filho de um ex-chefe gente boa que, ao assumir a empresa do pai, decide aplicar uma política discriminatória e misógina na firma onde Kurt trabalha. E Jennifer Aniston, finalmente, é a dentista ninfomaníaca que assedia agressivamente seu assistente Dale, sendo este noivo e muito fiel aos princípios do casamento.
No clima pós-expediente, com algumas cervejas de reflexão depois, os três tocam no assunto assassinato e logo a ideia reverbera na cabeça de cada um. Segue-se então aquilo que já se espera depois do primeiro ponto de virada do roteiro: os três patetas vão à procura de soluções para matar seus chefes e o resultado é um desastre atrás do outro, com intervalos para boas sacadas de como esses machos são despreparados para o mundo lá fora.
A exemplo da relação que eles tentam criar com o personagem de Jamie Foxx, a quem eles ideologicamente supõem - negro, tatuagens, bairro pobre - ser um criminoso de larga experiência nesse campo de trabalho das mortes por encomenda. O que termina rendendo a ironia mais ácida dessa história açucarada. A propósito dessa acidez, bom pontuar que a legenda do filme no Brasil peca na tradução de várias palavras e expressões, amenizando algo que o filme não intenciona amenizar.
O elenco vai bem e tem sintonia. O roteiro, criado em comitê por quatro pessoas acostumadas a séries de TV (sendo uma delas um jovem ator que faz uma ponta neste filme), tem ritmo e escorrega no tempo somente no desfecho de última hora. Mas o filme não vai muito além do que você espera quando entram em cena os clichês da inteligência masculina de mesa de bar. Ponto alto mesmo é ver Jennifer Aniston falando palavras sujas e sexualmente gordurosas que não se imagina saindo da boca de quem passou a vida fazendo comédias românticas diet.
Fonte: Terra - Cinema
Quero Matar Meu Chefe tem personagens caricatos, situações óbvias e um desfecho que parece ter sido solucionado aos 46 do segundo tempo. Ainda assim, é uma comédia que rapidinho arranca do público a reação desejada. Sem deslocamento crítico, um filme de riso fácil. Com deslocamento crítico, um filme de piadas fáceis. Em ambos os casos, um filme pronto para não incomodar, não engordar e não prejudicar seu fim de semana. Divertido dentro das medidas do alfaiate.
Sendo assim, bem-vindos ao mundo familiar dos funcionários que, como o título indica, odeiam seus chefes. De cara, o filme já ganha a simpatia de meio mundo de gente com o título. E, no universo fictício não-punitivo do cinema, esses personagens estão dispostos a matar seus respectivos chefes em nome de uma vida menos ordinária. Nick (Jason Bateman), Kurt (Jason Sudeikis) e Dale (Charlie Day) são três amigos nesse novo subgênero hollywoodiano dos machos BFF (Best Friends Forever, ou Melhores Amigos para Sempre), segmento que finalmente reúne homens em torno de uma ligação sem propósitos que vão além da estrita amizade.
Cada um desses personagens tem problemas específicos com seus respectivos patrões e estes, por suas vezes, são representações cartunizadas do seu pior pesadelo trabalhístico. Kevin Spacey (já treinado em interpretar chefes pernósticos) é Dave Harken, presidente de uma dessas corporações insípidas e cinzas cuja relação com seus funcionários e, particularmente com Nick, é de psicopatia funesta. Colin Farrell é o filho de um ex-chefe gente boa que, ao assumir a empresa do pai, decide aplicar uma política discriminatória e misógina na firma onde Kurt trabalha. E Jennifer Aniston, finalmente, é a dentista ninfomaníaca que assedia agressivamente seu assistente Dale, sendo este noivo e muito fiel aos princípios do casamento.
No clima pós-expediente, com algumas cervejas de reflexão depois, os três tocam no assunto assassinato e logo a ideia reverbera na cabeça de cada um. Segue-se então aquilo que já se espera depois do primeiro ponto de virada do roteiro: os três patetas vão à procura de soluções para matar seus chefes e o resultado é um desastre atrás do outro, com intervalos para boas sacadas de como esses machos são despreparados para o mundo lá fora.
A exemplo da relação que eles tentam criar com o personagem de Jamie Foxx, a quem eles ideologicamente supõem - negro, tatuagens, bairro pobre - ser um criminoso de larga experiência nesse campo de trabalho das mortes por encomenda. O que termina rendendo a ironia mais ácida dessa história açucarada. A propósito dessa acidez, bom pontuar que a legenda do filme no Brasil peca na tradução de várias palavras e expressões, amenizando algo que o filme não intenciona amenizar.
O elenco vai bem e tem sintonia. O roteiro, criado em comitê por quatro pessoas acostumadas a séries de TV (sendo uma delas um jovem ator que faz uma ponta neste filme), tem ritmo e escorrega no tempo somente no desfecho de última hora. Mas o filme não vai muito além do que você espera quando entram em cena os clichês da inteligência masculina de mesa de bar. Ponto alto mesmo é ver Jennifer Aniston falando palavras sujas e sexualmente gordurosas que não se imagina saindo da boca de quem passou a vida fazendo comédias românticas diet.
Fonte: Terra - Cinema
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