Por Sérgio Rizzo, especial para o Yahoo! Brasil
Cinebiografias jamais saem de moda, por exercerem um fascínio especial sobre o público. É o prazer de saber mais da vida dos outros -- sejam eles pessoas célebres, como políticos, artistas e esportistas, ou cidadãos anônimos com histórias singulares.
O cinema brasileiro também se beneficia desse filão, como demonstram os sucessos de "Olga" (2004), "Cazuza - O Tempo Não Para" (2004), "2 Filhos de Francisco" (2005) e "Chico Xavier" (2010).
Os 10 filmes selecionados abaixo representam diversas tendências das cinebiografias. Em comum, apenas uma característica: as vidas dos personagens que as inspiraram, empacotadas dramaticamente, deram origem a bom cinema.
Veja a lista:
10 - "Maria Antonieta" (Marie Antoinette, 2006)
A trajetória da esposa (1755-1793) do rei Luís XVI, recriada pela diretora Sofia Coppola, entra na lista para lembrar que cinebiografias não precisam ser caretas, como se a vida do protagonista fosse um museu em que não se pode tocar em nada. A trilha sonora tem New Order e The Cure, entre outros.
9 - "O Homem que Não Vendeu Sua Alma" (A Man for All Seasons, 1966)
Oscar de melhor filme, direção (Fred Zinnemann), ator (Paul Scofield), roteiro adaptado (Robert Bolt), fotografia e figurino, é um ótimo exemplo da tradição britânica em cinebiografias. Solene, inteligente e de caprichadíssima reconstituição de época, conta a história de Sir Thomas More (1478-1535).
8 - "O Último Imperador" (The Last Emperor, 1987)
Vencedor de nove Oscar, incluindo os de filme, direção (Bernardo Bertolucci), roteiro adaptado e fotografia (para o craque Vittorio Storaro), é uma poética viagem às transformações vividas pela China no século 20 sob a perspectiva do imperador Pu Yi (1906-1967), interpretado como adulto por John Lone.
7 - "Mishima" (Mishima: A Life in Four Chapters, 1985)
Filmes sobre artistas costumam trabalhar com dados biográficos e também com a obra do personagem, como faz o diretor Paul Schrader (mais conhecido pelo roteiro de "Taxi Driver") em sua tentativa arrebatadora de compreender os mistérios deixados pelo escritor japonês Yukio Mishima (1925-1970).
6 - "Ivan, o Terrível" (Ivan Groznyy, 1944/1958)
Diretor de outra cinebiografia célebre, "Alexandre Nevski" (1938), o cineasta russo Sergei Eisenstein adaptou em grandiosas duas partes, separadas por 14 anos e com um total de pouco mais de três horas, a vida do czar Ivan IV (1530-1584), notabilizado pela ambição, loucura e crueldade.
5 - "Napoleão" (Napoléon, 1927)
Para uma figura como Napoleão Bonaparte (1769-1921), um filme também grandioso, ousado para seu tempo e concebido pelo diretor Abel Gance para exibição simultânea em três telas: a central, dizia ele, mostrava "o tema", "a história sendo contada" ou "a prosa"; nas laterais, vinha "a poesia".
4 - "O Martírio de Joana d'Arc" (La Passion de Jeanne d'Arc, 1928)
Quando foi convidado pelos produtores a fazer um "filme de arte" para distribuição internacional, o dinamarquês Carl Dreyer pensou em três mulheres: Maria Antonieta, Catarina de Médici e Joana d'Arc. Optou pela terceira, a "donzela de Orléans" (1412-1431), em obra de plasticidade até hoje impressionante.
3 - "Touro Indomável" (Raging Bull, 1980)
Este já entrou em uma lista anterior do Yahoo! Brasil, com os melhores longas sobre esportes. O filmaço de Martin Scorsese retorna justamente para representar as numerosas cinebiografias de atletas, ao tratar como um drama de redencão a acidentada trajetória do "touro do Bronx", o boxeador Jake LaMotta. Oscar de melhor ator (Robert De Niro) e montagem.
2 - "A Maior História de Todos os Tempos" (The Greatest Story Ever Told, 1965)
Coube ao ator sueco Max von Sydow interpretar Jesus Cristo em uma das mais populares cinebiografias na história do cinema. De tão reprisada na TV, ganhou o status de "versão oficial", embora dezenas de outros filmes (como "Rei dos Reis", de 1961, com Jeffrey Hunter, e "A Última Tentação de Cristo", de 1988, com Willem Dafoe) também recriem a vida de Jesus.
1 - "Lawrence da Arábia" (Lawrence of Arabia, 1962)
O cineasta Steven Spielberg diz que sempre assiste a esse clássico do inglês David Lean antes de iniciar uma filmagem, só para se inspirar. Peter O'Toole, no papel que o transformou em astro, faz o militar, escritor e diplomata britânico T. E. Lawrence (1888-1935). Vencedor de sete Oscar, incluindo os de melhor filme e direção.
Sérgio Rizzo, 44 anos, é jornalista e professor. Escreve sobre cinema para a revista "Set" e também é colunista de futebol internacional do Yahoo! Brasil. Dá aulas na Universidade Mackenzie, na Academia Internacional de Cinema e na Casa do Saber.
Publicado no Yahoo Notícias, em 12/05/10.
Cinebiografias jamais saem de moda, por exercerem um fascínio especial sobre o público. É o prazer de saber mais da vida dos outros -- sejam eles pessoas célebres, como políticos, artistas e esportistas, ou cidadãos anônimos com histórias singulares.
O cinema brasileiro também se beneficia desse filão, como demonstram os sucessos de "Olga" (2004), "Cazuza - O Tempo Não Para" (2004), "2 Filhos de Francisco" (2005) e "Chico Xavier" (2010).
Os 10 filmes selecionados abaixo representam diversas tendências das cinebiografias. Em comum, apenas uma característica: as vidas dos personagens que as inspiraram, empacotadas dramaticamente, deram origem a bom cinema.
Veja a lista:
10 - "Maria Antonieta" (Marie Antoinette, 2006)
A trajetória da esposa (1755-1793) do rei Luís XVI, recriada pela diretora Sofia Coppola, entra na lista para lembrar que cinebiografias não precisam ser caretas, como se a vida do protagonista fosse um museu em que não se pode tocar em nada. A trilha sonora tem New Order e The Cure, entre outros.
9 - "O Homem que Não Vendeu Sua Alma" (A Man for All Seasons, 1966)
Oscar de melhor filme, direção (Fred Zinnemann), ator (Paul Scofield), roteiro adaptado (Robert Bolt), fotografia e figurino, é um ótimo exemplo da tradição britânica em cinebiografias. Solene, inteligente e de caprichadíssima reconstituição de época, conta a história de Sir Thomas More (1478-1535).
8 - "O Último Imperador" (The Last Emperor, 1987)
Vencedor de nove Oscar, incluindo os de filme, direção (Bernardo Bertolucci), roteiro adaptado e fotografia (para o craque Vittorio Storaro), é uma poética viagem às transformações vividas pela China no século 20 sob a perspectiva do imperador Pu Yi (1906-1967), interpretado como adulto por John Lone.
7 - "Mishima" (Mishima: A Life in Four Chapters, 1985)
Filmes sobre artistas costumam trabalhar com dados biográficos e também com a obra do personagem, como faz o diretor Paul Schrader (mais conhecido pelo roteiro de "Taxi Driver") em sua tentativa arrebatadora de compreender os mistérios deixados pelo escritor japonês Yukio Mishima (1925-1970).
6 - "Ivan, o Terrível" (Ivan Groznyy, 1944/1958)
Diretor de outra cinebiografia célebre, "Alexandre Nevski" (1938), o cineasta russo Sergei Eisenstein adaptou em grandiosas duas partes, separadas por 14 anos e com um total de pouco mais de três horas, a vida do czar Ivan IV (1530-1584), notabilizado pela ambição, loucura e crueldade.
5 - "Napoleão" (Napoléon, 1927)
Para uma figura como Napoleão Bonaparte (1769-1921), um filme também grandioso, ousado para seu tempo e concebido pelo diretor Abel Gance para exibição simultânea em três telas: a central, dizia ele, mostrava "o tema", "a história sendo contada" ou "a prosa"; nas laterais, vinha "a poesia".
4 - "O Martírio de Joana d'Arc" (La Passion de Jeanne d'Arc, 1928)
Quando foi convidado pelos produtores a fazer um "filme de arte" para distribuição internacional, o dinamarquês Carl Dreyer pensou em três mulheres: Maria Antonieta, Catarina de Médici e Joana d'Arc. Optou pela terceira, a "donzela de Orléans" (1412-1431), em obra de plasticidade até hoje impressionante.
3 - "Touro Indomável" (Raging Bull, 1980)
Este já entrou em uma lista anterior do Yahoo! Brasil, com os melhores longas sobre esportes. O filmaço de Martin Scorsese retorna justamente para representar as numerosas cinebiografias de atletas, ao tratar como um drama de redencão a acidentada trajetória do "touro do Bronx", o boxeador Jake LaMotta. Oscar de melhor ator (Robert De Niro) e montagem.
2 - "A Maior História de Todos os Tempos" (The Greatest Story Ever Told, 1965)
Coube ao ator sueco Max von Sydow interpretar Jesus Cristo em uma das mais populares cinebiografias na história do cinema. De tão reprisada na TV, ganhou o status de "versão oficial", embora dezenas de outros filmes (como "Rei dos Reis", de 1961, com Jeffrey Hunter, e "A Última Tentação de Cristo", de 1988, com Willem Dafoe) também recriem a vida de Jesus.
1 - "Lawrence da Arábia" (Lawrence of Arabia, 1962)
O cineasta Steven Spielberg diz que sempre assiste a esse clássico do inglês David Lean antes de iniciar uma filmagem, só para se inspirar. Peter O'Toole, no papel que o transformou em astro, faz o militar, escritor e diplomata britânico T. E. Lawrence (1888-1935). Vencedor de sete Oscar, incluindo os de melhor filme e direção.
Sérgio Rizzo, 44 anos, é jornalista e professor. Escreve sobre cinema para a revista "Set" e também é colunista de futebol internacional do Yahoo! Brasil. Dá aulas na Universidade Mackenzie, na Academia Internacional de Cinema e na Casa do Saber.
Publicado no Yahoo Notícias, em 12/05/10.
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