Diga adeus a Atchim, Soneca, Zangado, Feliz, Dengoso, Mestre e Dunga. Ah, também esqueça o caçador, aquela Branca de Neve inocente e o beijo que acorda a princesa da "morte" no final. É, para quem for ao cinema assistir ao filme Espelho, Espelho Meu tudo o que se vai ver é uma história levemente baseada naquela original dos irmãos Grimm, retratada pela Disney em 1937, tão amada por gerações e gerações.
William Grim, Napoleão, Açougueiro, Tampinha, Lobo, Rango e Riso são os novos sete anões e, com certeza, não trabalham em uma mina e têm uma vida honesta. São ladrões e não no estilo Robin Hood, que tiram dos ricos para dar aos pobres. Aliás, eles são um caso à parte e, realmente, ganham a produção com muito carisma e cenas de luta sobre pernas-de-pau. Além dos homenzinhos, o longa de Tarsem Singh traz um nome que garante o seu sucesso: Julia Roberts. No filme, a estrela de Hollywood vive a Rainha Má, madrasta da Branca de Neve, que usa sua beleza para conquistar um rei e assim conseguir o poder.
Como todos sabem, esse rei morre e sua filha fica nas mãos da vilã, que deseja a todo custo matá-la. Diga-se de passagem, ela é daquelas vilãs ótimas, com traços fortes de ironia e boas doses de comédia. Tão divertida que você quase chega a torcer por ela. É difícil imaginar Julia em um papel fantasioso. Acostumada com personagens mais sérios ou de mulheres fortes e comuns, como em Erin Brockovich e Uma Linda Mulher, ela dá conta do recado e ainda rouba toda a atenção para si.
O destaque fica para uma cena em que a rainha tem um dia de beleza, antes do baile real. A sequência pode causar um certo desconforto, já que Julia Roberts leva picadas de abelhas nos lábios, usa fezes de passarinho como máscara facial e tantos outros tratamentos incomuns com escorpiões, cobras e larvas por todo o seu corpo.
Lily Collins é a responsável por viver uma Branca de Neve com 18 anos recém-completados, que, expulsa de casa, vai morar com os anões ladrões e aprende a se defender, roubar e pensar estrategicamente. A filha de Phil Collins é correta em sua atuação, com traços delicados e rosto angelical, que mais parecem de uma menina de no máximo 15 anos. Talvez por isso, o romance com o príncipe Alcott, vivido por Armie Hammer, de A Rede Social, fique um pouco esquisito.
Falando no galã, ele faz um tipo de príncipe bobo, mais ao estilo comédia pastelão - aliás, as piadas do filme, em geral, são fracas. O papel do protagonista chega a lembrar o príncipe Edward, de Encantada (2007). Hammer aparece sem camisa duas vezes, o que traz uma sequência divertida com a Rainha Má de Julia Roberts, que se desconcentra toda ao se deparar com aquele homem seminu à sua frente.
Por último, mas não menos importante, estão os figurinos. É impossível não notar os detalhes dos vestidos de Branca de Neve e da Rainha Má. As roupas inspiradas em animais durante o baile oferecido pela rainha chegam a arrancar risadas. Cores inundam a tela, assim como espartilhos, saias, anáguas e perucas. Tudo isso faz com que o espectador entre ainda mais em uma história que pode não agradar aos mais exigentes.
Vale ressaltar que Espelho, Espelho Meu é um filme com temática infantil e, entre algumas falhas, passa uma mensagem interessante, que vai além do felizes para sempre e do clichê acreditar no que se sonha. Os anões, apesar de foras da lei, são bondosos, e ensinam, nas palavras deles, que não é porque você é pequeno ou alguém disse que você não é bom o bastante, que você não pode ser grande. Basta lutar e dar sempre o seu melhor. A Branca de Neve atual é guerreira, uma mulher do século 21, que não espera que um príncipe encantado lute as suas batalhas.
O longa estreia no dia 30 de março, nos Estados Unidos, e em 6 de abril no Brasil.
Fonte: Terra - Cinema
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