domingo, 25 de abril de 2010

Assisti UMA NOITE FORA DE SÉRIE - 25/04/10






Hilário! Não curto muito os filmes do Steve Carell mas gostei muito desse que foi muito acima das minhas expectativas. O filme cumpriu seu papel pois ri do início ao fim.

Crítica do site Omelete:

Duas das séries cômicas mais elogiadas da atualidade, The Office e 30 Rock dependem muito de Steve Carell e Tina Fey. Ele se destaca como o chefe mais improvável da história das chefias e ela é a criadora, produtora e redatora do programa que também estrela. Os dois, que também se atrevem a fazer filmes nos intervalos das gravações, estão juntos pela primeira vez em Uma Noite Fora de Série (Date Night), interpretando um casal que já não tem mais surpresas um para o outro e por isso passa por um momento difícil da relação.

Para tentar dar uma revivada na emoções, Phil (Carell) e Claire (Fey) contratam uma babá e deixam a calma de Nova Jersey em direção ao agito de Nova York. O destino seria um dos muitos restaurantes chiques de Manhattan, porém ele não faz a reserva e os dois não têm onde comer. A forma que ele imagina para se safar é aproveitar uma reserva em que os donos não apareceram. E assim os suburbanos Foster viram os Triplehorn. Porém, no meio da noite, dois sujeitos param do lado da mesa e pedem para "conversar lá fora". Já com uns vinhos na cabeça e achando apenas que iam levar uma bronca por terem usado a reserva que não era deles, os dois vão e lá descobrem que os Triplehorn verdadeiros são chantagistas metidos em uma baita encrenca.

E assim começa a ação, com os Foster sendo levados sob a mira de armas até o Central Park, fugindo em um barco a motor, participando de perseguições em alta velocidade em marcha ré, tiroteios, politicagem, prostituição, tiras corruptos e até mesmo espionagem internacional.

Mas não se preocupe, que no meio de toda essa adrenalina - bem filmada, diga-se de passagem - está o humor dos dois protagonistas. As cenas deletadas que são exibidas junto com os créditos (e após também) mostram um pouco da porralouquice de Steve Carell, que tem a língua solta e não aguenta fazer dois takes do mesmo jeito sem começar a "pirar". E Tina Fey, que interpreta a única sóbria na manicômio chamado 30 Rock embarca junto, se soltando e mandando ver nos palavrões e tudo mais que lhe der vontade.

Os dois estão tão à vontade que parece que são realmente casados. E acho que não há elogio maior para um ator do que isso. E por falar em atores, a presença de Carell e Fey (e algum dinheiro também, óbvio) conseguiu atrair para o projeto um ótimo elenco de apoio, que participa de cenas menores, fazendo pontas, mas é divertidíssimo. Destaque para os verdadeiros Triplehorn, interpretados por James Franco (o Harry Osborn de Homem-Aranha) e Mila Kunis (a Jackie de That 70's Show), o descamisado Mark Wahlberg e o impagável J.B. Smoove como um motorista de táxi histérico.

Uma Noite Fora de Série não promete nada que não consiga cumprir. Tem ação, comédia, vergonha alheia, não se apega ao politicamente correto e por tudo isso deve agradar aos fãs de Tina Fey e Steve Carell. Pode não ser fora de série como promete o título, mas é certamente uma boa noite fora.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Assisti CAÇADOR DE RECOMPENSAS - 20/04/10





Crítica do site Omelete:

O diretor Andy Tennant era um cineasta razoável. Daqueles que o estúdio confia para entregar seus filmes fáceis, claro, mas ainda assim, passável. Hitch - Conselheiro Amoroso tem seus momentos, bem como o açucarado Doce Lar. Como explicar então a derrocada do sujeito em Um Amor de Tesouro e neste Caçador de Recompensa (The Bounty Hunter, 2010)?

Tennant deixa seus astros no automático. Jennifer Aniston repete as caretas que está acostumada a fazer desde Friends, onde atuava como escada para as piadas dos demais. Não é por acaso que ela não emplacou como atriz dramática: seu repertório é mínimo... e quando seu diretor não exige nada então, fica ainda pior. Já Gerard Butler limita-se a reprisar seu personagem em A Verdade Nua e Crua, o machão sedutor. Com essa disposição, em momento algum eles fazem rir, tarefa relegada aos personagens secundários.

Não ajuda em nada o fato do roteiro parecer um octópode, estendendo seus tentáculos para vários gêneros, sem efetivamente acertar em algum. O filme começa cômico, engata umas discussões de relação de terceiro ato de comédia romântica e fecha um policial ruim da década de 1980. Sem falar nas tentativas, umas duas ou três, de parecer um filme de Guy Ritchie quando aparecem os mafiosos da apostadora Irene (Cathy Moriarty).

É lamentável também a edição de Caçador de Recompensa. O ritmo inexiste. Cenas razoavelmente decentes passam com desinteresse pela montagem enquanto outras, péssimas, ganham espaço de sobra. Toda a sequência da pousada é catastrófica, não agrega nada à trama e se arrasta por uns 15 minutos. Eu quis sair do cinema.

Assinando seu atestado de incompetência, Tennant limita-se a tentar salvar esse imbróglio na trilha sonora. As músicas invadem as cenas, desesperadamente forçando alguma emoção. Lembra aquela piada do sujeito que peida no elevador, pega um aroma de pinho na sacola de compras e pulveriza pra disfarçar - até que outra pessoa entra na cabine e diz "gente, cagaram na floresta"? É quase a mesma coisa. Quando a merda está feita não dá pra disfarçar.

sábado, 10 de abril de 2010

Assisti CHICO XAVIER - 10/04/10






Crítica: Chico Xavier

Cinebiografia do médium brasileiro o humaniza em plena celebração de seu centenário

No inicio da década de 70 um programa entrou para a história da TV brasileira. Tratava-se de Pinga Fogo da extinta TV Tupi. Transmitido ao vivo, algo inédito para a época, tinha duração prevista de 60 minutos. Mas o convidado da edição de 28 de julho de 1971 fez o programa se estender por mais de 3 horas. Estava ali presente o médium, cristão e espírita Chico Xavier sendo sabatinado por jornalistas que tentavam desmascará-lo e apontá-lo como fraude. O carisma e a perspicácia de Chico em responder as perguntas, além de efetuar a primeira psicografia transmitida em rede nacional, ajudaram ainda mais na sua mitificação.

40 anos depois, uma nova obra audiovisual se propõe a humanizar o místico Chico Xavier, estreando justamente no dia em que este completaria 100 anos. O filme Chico Xavier (2010), com roteiro baseado na biografia do jornalista Marcel Souto Maior, As Muitas Vidas de Chico Xavier, se utiliza de trechos reconstituídos do Pinga Fogo como espinha dorsal da trama. Através de flashbacks, trechos da infância em Pedro Leopoldo no interior de Minas Gerais, da descoberta do dom da psicografia na juventude e a criação da Casa da Prece em Uberaba, todos os momentos chaves da história de Chico são balanceados com seus depoimentos no Pinga Fogo. Além disso, uma trama paralela de um casal que teve seu filho morto e aguarda por uma carta psicografada do garoto pelo médium também auxilia para que a história seja contada de uma forma convincente e sem uma linearidade temporal fixa.

Segundo o diretor do longa, Daniel Filho (responsável pelas comédias sucesso de bilheteria Se Eu Fosse Você 1 e 2), o personagem mais polêmico e, consequentemente, mais difícil de ser retratado, foi Emmanuel (André Dias), o guia espiritual que apenas Chico conseguia ver. Em uma cena cuja câmera sai do topo de uma cachoeira até os ouvidos do médium, literalmente entramos na sua cabeça e passamos a enxergar Emmanuel como ele o via e descrevia: manto branco, sandálias de couro marrom, aparência jovial e séria. As melhores passagens de Chico Xavier são justamente os diálogos de alívio cômico entre ele e seu guia, incluindo uma piada sobre a bizarra peruca que Chico insistia em usar. Se os espectadores ficam em dúvida sobre a veracidade dessas situações cômicas, durante os créditos finais vemos o próprio Chico dando voz a essas engraçadas histórias.

A caracterização do protagonista é outro atrativo do longa. Interpretado por 3 atores, o menino Matheus Souza na infância, Ângelo Antônio na juventude e Nelson Xavier na maturidade, Nelson certamente é quem mais se aproxima do original. A semelhança física do ator com o médium já impressionava a todos quando Chico ainda era vivo, fato que fazia dele o único e ideal candidato ao papel. Agnóstico convicto e receoso do convite, Nelson acabou aceitando e mergulhando de tal forma na persona de Chico Xavier que até as suas convicções religiosas foram abaladas. Aliás, citando a questão religiosa, quem pensa que irá ao cinema ver um filme meramente espírita, se surpreenderá em ver o quanto a mensagem de solidariedade ao próximo do protagonista passa por qualquer tipo de religiosidade.

Ao contrário de Lula - O Filho do Brasil (2010), Chico Xavier se apresenta como uma biografia sincera, sem melodramas, desmistificando o santo e o transformando em homem. Talvez por conta disso, além do forte apelo da figura do médium, o filme poderá ter a grande bilheteria que Lula não teve. Arrastar multidões em seu entorno já era a regra quando Chico era vivo, mas todos os procuravam justamente para ouvir as vozes dos mortos. Sua própria morte parecia algo impossível, porém ele mesmo afirmava que iria deixar a terra justamente no dia em que todos os brasileiros estivessem muito felizes. Chico desencarnou em 30 de junho de 2002, quando o Brasil inteiro comemorava o penta-campeonato de futebol. Agora a cinebiografia lançada em seu centenário pode atrair o público de um país de grande veia mística, independente de uma religião pré-definida, que se sente fortemente polarizado pelos mistérios em torno das façanhas de Chico Xavier.

Crítica publicada no site Omelete em 01/04/10.